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Um pontapé passou a embalar os sonhos de Portugal

Fernando Santos era um homem só.

Um tipo sozinho no meio de onze milhões. Mas isso era em 2014. Em 2016, já tinha convencido 23 e mais uns quantos de que era possível. Faltava uma multidão, ainda. Um povo, melhor dizendo. Mas ele lá foi, inabalável na fé e nas escolhas. Levou uma equipa até França e a seleção a um título inédito.

Fez Portugal viver uma epopeia de emoções e levou o país à Terra Prometida.

Esta é uma história cujo desfecho é conhecido, mas que continua a ser tão surreal, quanto era improvável. E como as infantis, leva-nos para um sorriso de um final feliz, embalados num pontapé de Éder. 

Esta é a nossa história.

A história de um país de futebol. Que naquela altura já estava unido à fé do engenheiro e a meteu toda num só chuto.

Acabámos a gritar de euforia. Até a voz doer e as veias do pescoço incharem. Até as lágrimas secarem. Até sorrirmos. E hoje, amanhã, para sempre, quando lá voltarmos, àquele pontapé, sorriremos. E embalamos para mais um sonho… como foi este que lhe contamos a seguir. 

O desafio

Eram muitos, mas muitos, milhões mesmo, aqueles que não acreditavam que Portugal poderia ser campeão europeu em França.

Ele lá sabia quem é que devia levar. Ele lá sabia a fé que tinha. Ele lá acreditava. Dizia que os jogadores também, mas quem acreditava mesmo era só ele.

As dúvidas

Portugal era favorito no grupo F do Europeu. Afinal tinha pela frente a Hungria, Islândia e Áustria. Nenhuma delas, à partida, seria melhor do que Portugal e nenhuma delas tinha Cristiano Ronaldo e muitos outros jogadores com nome no futebol europeu e mundial.

Logo no primeiro jogo ficaram as dúvidas se Portugal seria mesmo favorito. Na estreia da Islândia em Campeonatos da Europa, as duas seleções empataram a uma bola. Nani marcou primeiro, Bjarnason empatou aos 50 minutos. Não chegou jogar melhor contra os islandeses.

Seguiu-se a Áustria, quatro dias depois, a 18 de junho. E, para surpresa de todos, mais um empate. Este a zero. De-ses-pe-ran-te!

Dois empates, um golo marcado e outro sofrido. Hungria e Islândia já lideravam o grupo com quatro pontos e Portugal tinha apenas um.

O sinal

Terceiro jogo. Seguia-se a Hungria. Portugal sofreu o primeiro golo logo aos 19 minutos e esteve em desvantagem no marcador por três vezes. Finalmente lá apareceu Cristiano Ronaldo, marcou dois. Ainda assim, ficou 3-3.

A Islândia venceu no último minuto, marcou aos 90+4 minutos, (obrigado, Traustason) e além de confirmar Portugal como o melhor terceiro classificado, ao fazer o golo da vitória, tirou a seleção nacional do lado dos «tubarões».

A partir dali já se sabia: seguia-se a Croácia e «grandes» europeus só mesmo na final.

O milagre

O jogo acabou como todos os que Portugal já tinha feito: empatado. Foi preciso ir a prolongamento e aí deu-se o primeiro grande milagre português em França.

Ao minuto 116 Perisic rematou à baliza de Rui Patrício, a bola foi ao poste com a ajuda do guarda-redes, acabou por chegar depois a Renato Sanches que correu para o contra-ataque. Ronaldo rematou, Subasic defendeu, mas Quaresma marcou na recarga.

Golo e só três minutos para jogar. Os quartos de final logo ali. Pareceu fácil, pareceu rápido. Ou parece agora, cinco meses depois.

O chamamento

Haverá muita gente a lembrar-se de muitos pormenores do jogo com a Polónia que acabou com mais um empate a uma bola, com prolongamento e com golos de Lewandowski logo aos dois minutos, para ser ainda mais sofrido, e Renato Sanches aos 33’.

O capitão chamou Moutinho para bater um dos penáltis e o médio não falhou. Nem ele nem o próprio Ronaldo, Renato Sanches, Nani e Quaresma. Lewandowski, Milik, Gilk também não desiludiram, mas Rui Patrício defendeu o remate de Blaszcykowski e garantiu o 3-5 final.

A última barreira

Portugal estava a um jogo da final. Pela frente o País de Gales, líder do grupo B de Inglaterra, Eslováquia e Rússia. Os galeses tinham eliminado a Irlanda do Norte e a favorita Bélgica. Seria o jogo mais difícil até ali, mas acabou por ser o mais fácil para Portugal.

Pelo que dizem os números, pelo menos.

Foram os melhores três minutos de Portugal no Europeu. E já se começava a acreditar que pudessem haver mais momentos felizes.

Só que estava tudo marcado para o Stade de France, em Paris, com… a França.

O drama

Portugal na final do Europeu pela segunda vez na história (malditos gregos, que Fernando Santos conhece tão bem…). Os portugueses com más memórias dos confrontos com os gauleses, um dos mais marcantes em território belga com Abel Xavier e Zinedine Zidane como protagonistas, no Euro 2000. Zizou eliminou Portugal.

Mas desta vez quem tinha a figura era Portugal. Cristiano Ronaldo, o melhor jogador do mundo da atualidade, no relvado diante de uma seleção francesa favorita, com títulos europeus e a jogar em casa. Mas durou pouco. Payet entrou duro sobre o capitão nos instantes iniciais e arrumou-o do jogo.

Entrou Quaresma, como depois entrou Moutinho e a última substituição foi Éder. Era com eles e já sem Ronaldo, Adrien Silva e Renato Sanches que Fernando Santos ia tentar ser campeão europeu.

O clímax

Com Éder, sim. O único verdadeiro avançado que Portugal tinha no banco. Era a única solução, ainda que ninguém acreditasse que poderia ser ele a marcar – já tinha falhado tantos! Fernando Santos, com as suas crenças, acreditava e meteu-o a jogar lá na frente: 1 por 11 milhões.

Gignac esteve perto de derrotar Portugal nos instantes finais da partida, mas a bola foi ao poste: 0-0.

Na primeira parte do prolongamento, nada de golos. Na segunda, com as duas equipas a jogar mais com o coração do que com a cabeça, Éder recebeu a bola no meio-campo, controlou-a de forma desengonçada, levou a melhor sobre Koscielny e rematou rasteiro fora da área… Lloris ainda se esticou, mas a bola entrou. Entrou mesmo.

1-0 aos 109 minutos e a partir dali já não havia mais nada. Uns minutos, vá.

A consagração

Segundo triunfo após prolongamento e Portugal campeão da Europa com golo de quem todos menos esperavam: do «patinho feio».

Uma imagem diz mais do que mil palavras. É uma frase feita, é, mas ainda hoje faltam vocábulos para exprimir esta imagem. E as caras dos jogadores também.

A celebração

No futebol é campeão quem põe a bola mais vezes dentro da baliza adversária, quem por consequência ganha mais vezes. Mesmo que nem sempre seja quem joga melhor.

Portugal marcou apenas sete golos, venceu uma só vez em 90 minutos. Não jogou tão bem como alguns antepassados futebolísticos jogaram. A isso encolheu-se os ombros.

A Taça é nossa. Esta ninguém nos a tira. Foi a fé de Fernando Santos, a vontade de 23 jogadores e a força de milhões de portugueses que escreveram esta história.
2016 foi incrível. Foi nosso. Não, o 10 de julho de 2016 não «é feriado, c******», mas foi o dia em que Portugal saiu à rua em festa. Foi Santo António, São João e São Pedro. Sem sardinhas, manjericos ou alho porro. Mas nosso. Tão nosso. 

Só nosso… porque só nós vamos poder continuar a sonhar assim. Embalados por um pontapé…

Autore: Maisfutebol

admin

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